Há exatos 20 anos, em 22 de março de 2004, o SBT exibia o último capítulo de “Canavial de Paixões”, novela lançada para fazer frente a “Celebridade” da Globo e que rendeu bons resultados para a emissora de Sílvio Santos. O folhetim, porém, apesar da boa audiência, não foi bem recebido pela mídia especializada, que criticou os cenários e textos da produção.

Com um custo de R$ 90 mil por capítulo, “Canavial de Paixões” não tinha nada a ver com as produções luxuosas da TV Globo, mas sua história ágil e envolvente acabava por prender o público na época e esquecer por diversas vezes a baixa qualidade da produção.

Baseada em obras de Shakespeare (Romeu e Julieta), Dostoievski (Crime e Castigo) e Schiller (Intriga e Amor), a trama explorava um misto de temas como amor proibido, conflitos familiares, intrigas e redenção.

Situada em um pequeno povoado católico chamado São Bento, “Canavial de Paixão” surpreendia pelo seu ritmo ágil, apesar de as vezes isso deixar a trama rasa demais, por não se aprofundar em temas importantes, como alcoolismo.

O conflito entre a família Giácomo e Silva era o tema central do folhetim da trama de Henrique Zambelli. Daí que sai também o casal de protagonistas da história, Paulo (Gustavo Haddad) e Clara (Bianca Castanho), que tentam superar os obstáculos impostos pela história de suas famílias.

Em seu elenco, a novela conta com grandes nomes da dramaturgia brasileira, como Débora Duarte – convidada para viver a grande vilã Teresa, além de Oscar Magrini, Helena Fernandes, Jandir Ferrari, Ana Cecília Costa, Thierry Figueira, Bianca Castanho, Gustavo Hadad, entre outros.

Para reproduzir o cenário rural da trama, o SBT gravou a novela em Iracemápolis, cidade localizada na Região de Piracicaba, a 153km da Capital Paulista.

“Canavial de Paixões” estreou em 13 de outubro de 2003 no SBT, ocupando estrategicamente a faixa das 20h30, neste mesmo dia, a Globo iria estrear “Celebridade”, um pouco mais tarde, às 20h55. Claro que a emissora de Sílvio Santos não fez nem cócegas e sua novela debutou com 12 pontos de média, enquanto a história de Gilberto Braga se lançava com 50 pontos.

Ao longo da exibição, “Canavial” foi crescendo até alcançar médias de até 16 pontos, resultado considerado excepcional para uma produção que concorria com o maior investimento da Globo. Enquanto isso, “Celebridade” andava em círculos e oscilava entre 41 e 45 pontos. A novela do SBT foi uma trave importante que impedia a novela estrelada por Malu Mader decolar na audiência.

Tanto é verdade, que “Canavial de Paixões” teve seu último capítulo exibido em 22 de março, e uma semana depois, “Celebridade” já estava batendo seu recorde de audiência com 52 pontos de média, e foi assim até seu término.

Mas apesar de querida pelo público, o folhetim recebeu duras críticas da mídia especializada, que apontavam as atuações como canastronas, figurinos muito estereotipados, além dos cenários, textos e elementos melodramáticos extremamente excessivos. Porém, no entendimento do público, a novela foi boa e conseguiu 12 pontos de média geral.

“Canavial de Paixões” ainda recebeu indicações de premiações, sendo uma da Revista Contigo e outra do Troféu Imprensa. Não ganhou nenhum.

A novela teve um outro ponto alto e muito importante para o seu sucesso, que foi sua trilha sonora, a começar pelo tema de abertura, com “Incêndio no Canavial”, sendo interpretada por Moacyr Franco, que até hoje perdura na memória de muitos. Embalando as cenas do folhetim, ainda teve Rouge, Elis Regina e Sérgio Reis.

Além de sua exibição original em 2003, “Canavial de Paixões” foi reprisada outras três vezes pela emissora de Sílvio Santos, sendo uma em 2005, e outras duas em 2010 e 2012, respectivamente. Em todas elas conseguiu índices satisfatórios de audiência para o canal.

Atualmente, o folhetim está disponível na íntegra do SBT Vídeos, serviço de streaming gratuito da emissora de Sílvio Santos. Acesse: https://www.sbtvideos.com.br/programas/canavial-de-paixoes

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