qua. jun 26th, 2024

Com o objetivo de repetir o mesmo sucesso de “Terra Nostra” (1999), a TV Globo decidiu apostar novamente na cultura italiana e lançar “Esperança”, novela de Benedito Ruy Barbosa, lançada em 17 de junho de 2002, no principal horário de novelas da emissora. Marcada por conflitos internos, problemas de saúde do autor e baixa audiência, o folhetim não repetiu o êxito do último trabalho de Benedito e ainda azedou a relação com o colega de trabalho, o também autor Walcyr Carrasco.

Ambientada na década de 1930, “Esperança” abordou a imigração italiana para o Brasil, retratando os desafios enfrentados pelos imigrantes e os conflitos entre colonos e fazendeiros. Na trama, o mocinho Toni (Reynaldo Gianecchini) deixa sua amada Maria (Priscila Fantin) na Itália e vem para o país em busca de melhores condições de vida.

A novela teve vários pontos positivos apontados pela crítica especializada da época, como uma equipe talentosa e uma premissa promissora. Entre os pontos altos da história estavam a produção, direção, atuação de boa parte do elenco e a temática.

Porém, desafios e polêmicas internas acabaram interferindo na trama e na recepção do público. A começar pelo casal de protagonistas que dividiu opiniões na época, sendo apontados com rendimento aquém do esperado para uma produção das oito.

Enquanto Raul Cortez, que havia substituído Antônio Fagundes, teve seu personagem bastante elogiado na época, o mesmo aconteceu com Ana Paula Arósio, que chegou a chamar mais atenção que a própria mocinha da trama.

Internamente, “Esperança” sofria com a baixa de Antônio Fagundes e os conflitos entre Benedito Ruy Barbosa e o diretor Luiz Fernando Carvalho, que acabaram culminando na troca de direção do folhetim. Em meio a toda essa tempestade interna, os índices da novela não reagiam de modo algum e a narrativa lenta era cada vez mais criticada.

Foi neste meio tempo que o titular da trama, Benedito Ruy Barbosa, acabou sofrendo com problemas de saúde e ficou a cargo de Walcyr Carrasco encerrar os trabalhos iniciados pelo autor. Com Carrasco no comando da história, a audiência de “Esperança” começou a reagir até chegar aos 52 pontos obtidos em seu último capítulo. Porém, a reação em cima da hora não salvou a média da produção, que ficou em apenas 38 pontos.

Mas quem pensa que Benedito ficou feliz pelos recordes de audiência proporcionados pelo seu colega, se engana. As mudanças feitas por Carrasco nos rumos da produção foram alvo de duras críticas e distanciamento dos dois autores, que pararam até de se falar na época.

Após a conclusão de “Esperança”, Benedito Ruy Barbosa chegou a fazer declarações públicas de que as mudanças feitas por Walcyr Carrasco acabaram descaracterizando a obra que havia concebido. Apesar disso, Carrasco minimizou a situação e defendeu suas decisões, argumentando que fez o melhor possível dentro do contexto em que foi inserido. Além disso, mencionou a necessidade de adaptar a história às circunstâncias e ao tempo limitado.

Depois desse trabalho, Benedito Ruy Barbosa nunca mais escreveu uma novela das oito, retornando ao horário 14 anos depois, para escrever “Velho Chico” (2016), produção que fracassou na tentativa de tirar a Globo da crise de audiência há oito anos. Enquanto isso, Walcyr Carrasco também retornou ao horário das seis, e se lançou no principal horário da Globo somente em 2013, quando assinou “Amor à Vida”, desde então se tornando um dos maiores nomes dentro da emissora.

Para terminar, “Esperança” tinha tudo para ser um grande sucesso, mas a narrativa lenta e o fato de querer dar continuidade a uma outra produção exitosa, como “Terra Nostra”, gerou frustrações e comparações para o público. Mas a produção não deixou de ser elogiada pela sua qualidade técnica e sonora. Apesar disso, nunca ganhou uma reexibição na Globo e nem em outras mídias do Grupo, como streaming e TV Paga.

O que você achou da novela?